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terça-feira, 20 de março de 2012

ANALFABETISMO:
tem cor, idade e renda.
 Deputado Estadual Fernando MINEIRO

A afirmação foi feita pelo deputado Fernando Mineiro, durante palestra ministrada para educadores na abertura do projeto Mova Brasil 2012, na tarde da última segunda-feira (19), em Extremoz. Citando dados do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ele disse que o número de analfabetos é maior entre negros, idosos acima de 65 anos e pessoas que ganham até meio salário mínimo.

“Entre as pessoas que ganham até meio salário mínimo, o analfabetismo é 15 vezes maior que entre aquelas que ganham de um a quatro salários mínimos. O número de negros que não sabem ler nem escrever é muito maior que a quantidade de brancos. É uma disparidade imensa. Em relação à questão da idade, ocorre um fenômeno interessante no Brasil: em números absolutos, o número de analfabetos com mais de 65 anos aumentou, mas em termos percentuais houve uma diminuição”, comentou.

Para Mineiro, esses números comprovam que essa situação é “reflexo da constituição desigual do Brasil”. Ele enfatizou que o combate ao analfabetismo é “decisivo para enfrentar a desigualdade social e promover a justiça econômica” no País. 

Mineiro observou que o direito à educação universal surgiu somente na Constituição de 1988. Portanto, a ideia da educação como dever do Estado é muito recente. “Nunca vemos movimentos de rua para acabar com o analfabetismo no Brasil. A cidade se mobiliza para ter educação superior, mas ninguém se mobiliza pela educação básica e fundamental, pela alfabetização de jovens e adultos”.

O deputado destacou que o Rio Grande do Norte ainda tem em torno de 460 mil analfabetos, o que representa 18% da população acima de dez anos de idade. “Nossa taxa de analfabetismo caiu, mas ainda é muito alta. Passamos de 24% para 18% de analfabetos. Essa diminuição é muito lenta. Mantido esse ritmo, será preciso pelo menos 18 anos para zerar o analfabetismo”.

Ele ponderou, ainda, que a diminuição do analfabetismo no Brasil “é fato”, mas advertiu que ainda temos 9% da população (entre 13 e 14 milhões de pessoas) eu não sabem ler nem escrever. “A educação é uma reivindicação recente da sociedade. Isso ajuda a explicar por que nosso país ainda é tão desigual e por que é tão difícil fazer com que o Estado assuma sua responsabilidade neste tema”.

Mineiro disse que o grande desafio dos projetos de alfabetização, como o Mova Brasil, “é dar o passo seguinte”. “Como essas pessoas podem ser inseridas no ensino fundamental? A rede pública está preparada para recebê-las?”, questionou.

O Mova Brasil é inspirado no Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), criado pelo educador Paulo Freire.  O projeto é desenvolvido pelo Instituto Paulo Freire (IPF) em parceria com a Petrobras e a Federação Única dos Petroleiros (FUP). Desde 2003, quando foi implantado no RN, o projeto tem alfabetizado em média três mil pessoas por ano. Em 2012, serão 180 turmas em 43 municípios potiguares, com 4.500 alunos matriculados. 
 
Fonte: Assessoria do Mandato