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domingo, 4 de setembro de 2011


Extratos vegetais têm condições

de atuar como eficientes herbicidas naturais

Pesquisadores avaliam como plantas comuns podem afastar o ataque de pragas em lavouras tradicionais


 O feijão-de-porco (Canavalia ensiformes) é leguminosa conhecida do agricultor para a adubação verde. As raízes desta planta têm a capacidade de tornar o solo mais arejado e multiplicar os micronutrientes presentes nele. No entanto, o Instituto de Química, da USP, em São Carlos (SP), descobriu que ela tem condições de exercer a função de herbicida. Durante análises em laboratório, os pesquisadores concluíram que os extratos de folhas e as próprias sementes do feijão-de-porco se mostraram eficientes contra duas plantas daninhas (trapoeraba e corda-de-viola), que são competidoras naturais da soja e atrapalham o desenvolvimento da plantação. Outro resultado positivo é que o extrato da leguminosa não interfere no crescimento das lavouras (sejam elas convencionais ou transgênicas) e pode tornar-se uma opção aos herbicidas sintéticos no futuro. Nos experimentos, as plantas daninhas foram completamente banidas em apenas seis dias. 

Outras duas plantas, a trefósia e a moringa, árvores conhecidas no meio rural, estão sendo testadas pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), para combater a broca-do-café, uma das principais pragas que afetam a produção nacional. Os pesquisadores do instituto, que trabalham em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL), trataram os frutos maduros do café com os extratos da moringa e da trefósia para depois expô-los às brocas adultas. Ficou comprovado que houve baixo índice de infestação nos grãos por conta da atuação de dois compostos (lectina e rotenona), presentes no produto natural. 

Agora, a eficiência dele será avaliada no campo, onde os plantios sofrem outros tipos de interferência, como temperatura, vento e umidade, que podem influenciar na eficácia do extrato. Os estudos vão levar em consideração, ainda, os benefícios dos plantios da moranga e da tefrósia em consórcio com o cafezal. A intenção é verificar se as árvores produzirão semelhante efeito repelente à broca-do-café. Ao mesmo tempo, outra avaliação será feita: a de comprovar se este inseticida natural não é tóxico para mamíferos e espécies de insetos benéficos para as lavouras. Para os pesquisadores do Iapar, muitos vegetais apresentam condições de atuarem como inibidores naturais de pragas. Se o uso deles for consorciado a um manejo adequado, o produtor poderá inclusive reduzir a necessidade de aplicação de agrotóxicos.